Ontem, aprendi que eu possuo o rei na barriga por ser carente de verdadeira atenção. Que eu devo ser uma mulher mais humilde, mais “de boa” e que eu não sou a única, que mais mulheres deveriam ser.
Esse “aprendizado” surgiu porque, na noite anterior, eu não aceitei ter uma conversa picante e quente com um cara que se auto-intitulou meu amigo apenas por ser mais propicio ao episódio. Quer dizer, trocamos algumas palavras dias antes, quando ele veio perguntar se eu havia terminado o meu namoro (ocasião em que contou sobre o término do seu). Vocês sabiam que isso nos tornava, automaticamente, amigos íntimos? Eu não.
Ao que parece, eu deveria ser humilde e de boa o suficiente para ter conversas sobre sexo com ele, independente dos meus princípios, independente das minhas vontades. São as dele que devem prevalecem. Eu só seria uma mulher digna seguindo os padrões dele.
Suas (in)diretas no Twitter me explicaram que eu devo parar de ter o rei na barriga e parar de acreditar que todo cara que quer falar sobre sexo comigo tem algum interesse. São todos bons moços, apenas amigos que gostam dessas conversas e eu devo dá-las, se não quiser passar por metida.
Não sendo esse o primeiro episódio, já ouvi que sou muito travada por barrar esse tipo de conversa com caras bons, quer estejam interessados em mim, quer não. Aliás, o jovem em questão disse que me faria menos travada.
Outro bom rapaz também me ensinou que sou mentirosa. Mentirosa por me enganar e querer enganar os outros. Ele, que me conhece a menos de uma semana, já sabe que eu estou enganando meus sentimentos, que eu já sei a verdade e que não quero aceitá-la. Que ele sabe que é o cara que mais mexeu comigo em tão pouco tempo e que eu devia aceitar essa verdade. Que eu deveria aceitar me hospedar em sua casa, que deveria aceitar que ele vai superar qualquer outro cara e que só ele pode (e vai) me dar o que eu quero.
Publiquei esses e outros episódios em um post no Facebook. O resultado foram homens, no inbox e no whatsapp, duvidando do que eu havia dito.
“Nossa, isso realmente aconteceu? Você tem certeza que não está exagerando?”.
Claro, a louca e descontrolada sou eu.
Ao que tudo indica, os homens devem mandar em minha vida. Devem dizer o que eu devo fazer e sentir. Eu incomodo alguns homens por querer ser protagonista da minha própria história e por não querer inclui-los nela. A pergunta que fica é: eu me importo? Nenhum pouco. Esses homens continuam em minha vida? Me orgulho em responder que não.
Postado originalmente em Olhar de Medusa, dia 21 de Abril de 2016.

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