quarta-feira, 22 de junho de 2016

Kekau.

Abrupto, o medo surge ante a calmaria que havia se instalado. Tal medo, antes apenas conhecido por leituras e relatos alheios, foi hoje provado e que gosto amargo deixaste!
A sensação de desespero que pareceu uma eternidade abre margem para a confusão da mente, para a inquietude e vergonha da alma. Ah, e que vergonha paradoxal! Como é concebível a existência de tal sentimento advindo de algo que não provocastes? Que não quisestes? Ah, como era fácil aconselhar! Como era fácil dar soluções aos abismos alheios...
A sensação de pertencimento ao abismo é o sentimento que ora fez morada, mas chamam-me de Efêmera. Se sou efêmera. Se sei ser temporária, hei de fazer tão sensação também sê-lo. Se nenhuma escuridão dura para sempre, a minha também não há de durar.
O medo do julgamento também nasceu e, com ele, o medo da falta de amparo. Mas quão fortificante e reconfortante é querer correr para certos braços - dentre tantos existentes -, encontrar coragem para fazê-lo e (re)descobrir ali a certeza de um abrigo, apesar de.
Kekau, em indonésio, significa acordar de um pesadelo.
O primeiro passo foi dado.



Postado originalmente em Olhar de Medusa, dia 22 de Julho de 2015.

Nenhum comentário:

Postar um comentário