sexta-feira, 24 de junho de 2016

Eu escolhi conversar.

São exatamente 23:31 de uma quinta-feira. Tive que interromper o que estava fazendo para aconselhar uma amiga que passou o dia sofrendo por conta de um guri. Esse sofrimento, como todos os outros que ela passou e eu presenciei, decorreu-se de uma má comunicação e eu lembrei de uma frase (filosofia de vida, praticamente) de um homem especial pra mim. Ele fala com muito orgulho: "I believe in communication! It's the way of the future!"

As pessoas possuem o péssimo hábito de querer que o outro saiba exatamente o que ela está pensando, querem que o outro entenda todos os sinais possíveis e imagináveis. E se isso não acontecer, se o outro não entender as mensagens, ele é um insensível, ele não se importa e que seja o fim de tudo, então.

Acontece que ninguém é obrigado a entender sinais. Não se deve concluir que alguém não se importa porque ele não entendeu aquele seu suspiro ou porque não entendeu seu silêncio. As pessoas não possuem bolas de cristal, não leem mentes. Algumas são desligadas e avoadas. Então, se algo te incomoda, fale! E é aqui que a frase dele se encaixa tão bem, porque nada melhor do que a comunicação. Nada melhor do que a exposição de ideias e sentimentos de forma clara, de forma que todos possam se entender da melhor forma possível. Sem achismos e incertezas, coisas que eu detesto. 

Um relacionamento tem que ser pautado na confiança, na estabilidade e na segurança. Nenhum se mantém com achismos e incertezas e achar que você pode manter um nessas condições é querer se enganar. É querer sofrer por nada, porque uma simples conversa poderia ser a solução dos problemas. Um "eu não gostei de tal coisa que você fez", "tal coisa me magoou" podem ser a chave. Se foi feito isso e nada mudou, aí o problema já não é a falta de comunicação.

Sabe aquela campanha religiosa "Eu escolhi esperar"? Pois então, não escolha esperar que o outro entenda suas mimicas. Escolha conversar. Porque não adianta emitir sinais, esperar que o outro entenda e mude e, vendo que não houve mudança, ficar sofrendo com isso. Conversar evita desgastes, evita carregar pesos desnecessários e alivia. Todos deveriam acreditar em comunicação. Ela é mesmo o caminho do futuro.


P.S.: Ah! E não fale só quando algo te desagradar. Fale também quando fizerem algo que você tenha gostado, fale da beleza do outro, do sorriso, de sua importância. Fazer isso também é demonstrar preocupação e zelo com o relacionamento, seja ele romântico ou não. ;)

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Diário de Bordo #1

Dentro do avião, ao som de Yuuzora no Kamihikouki¹ e em meio a pensamentos soltos, uma citação não sai da minha cabeça:
“Não há luz para aqueles que não conhecem a escuridão. Viva e resista as sombras, Takezo! E a claridade virá em sua direção.”
Essa citação, que aparece em Vagabond, um dos meus dois mangás favoritos, me veio sem qualquer motivo. Simplesmente me lembrei dela. Sem qualquer pretensão, sem qualquer necessidade de um motivacional por conta de algum momento de dificuldade.
Entretanto, pensei nela e me dei conta de que, até esse instante, ainda não tinha analisado a profundidade dessa frase. Eu ainda não tinha notado a esperança e força por trás de cada palavra que a forma.
“Viva e resista as sombras”.
Viva.
Resista.
“E a claridade virá em sua direção”.
"Está bem. Vá em frente."

Você deve conhecer o pior para poder (re)conhecer o melhor. E, (re)conhecendo o melhor, você saberá desfrutá-lo e valorizá-lo. Você deve passar pela dificuldade para entender a magnitude daquilo conquistado.
Eu não gosto de dificuldades. Por ser imediatista, por detestar esperar, eu sempre quero tudo no mesmo instante, sem dificuldades, agora. Embora seja esse o meu jeito, eu entendo a satisfação que vem quando você olha para trás e vê tudo o que percorreu e entendo que você acaba ganhando em dobro: ganha o almejado, mas também ganha a experiência e o prazer da subida.
Dificuldades proporcionam maior aprendizagem e crescimento do que aquilo alcançado sem grandes esforços. Você acaba não vendo até onde é capaz de ir e acaba não sendo capaz de ir muito longe, porque nunca foi preciso tal coisa. E, quando eventualmente se tornar preciso, qualquer tropeço, qualquer pedra que apareça se transforma em motivo suficiente para deixar para lá. Para desistir.
Não é novidade para ninguém tudo o que estou dizendo aqui, mas é sempre bom lembrar que devemos resistir se quisermos alcançar coisas maiores em nossas vidas.
¹Primeiro encerramento e, até então, minha música favorita de Hajime no Ippo, anime que recomendo fortemente.
Postado originalmente em Olhar de Medusa, dia 3 de Junho de 2016.

Mulher metida, travada e mentirosa.

Ontem, aprendi que eu possuo o rei na barriga por ser carente de verdadeira atenção. Que eu devo ser uma mulher mais humilde, mais “de boa” e que eu não sou a única, que mais mulheres deveriam ser.
Esse “aprendizado” surgiu porque, na noite anterior, eu não aceitei ter uma conversa picante e quente com um cara que se auto-intitulou meu amigo apenas por ser mais propicio ao episódio. Quer dizer, trocamos algumas palavras dias antes, quando ele veio perguntar se eu havia terminado o meu namoro (ocasião em que contou sobre o término do seu). Vocês sabiam que isso nos tornava, automaticamente, amigos íntimos? Eu não.
Ao que parece, eu deveria ser humilde e de boa o suficiente para ter conversas sobre sexo com ele, independente dos meus princípios, independente das minhas vontades. São as dele que devem prevalecem. Eu só seria uma mulher digna seguindo os padrões dele.
Suas (in)diretas no Twitter me explicaram que eu devo parar de ter o rei na barriga e parar de acreditar que todo cara que quer falar sobre sexo comigo tem algum interesse. São todos bons moços, apenas amigos que gostam dessas conversas e eu devo dá-las, se não quiser passar por metida.
Não sendo esse o primeiro episódio, já ouvi que sou muito travada por barrar esse tipo de conversa com caras bons, quer estejam interessados em mim, quer não. Aliás, o jovem em questão disse que me faria menos travada.
Outro bom rapaz também me ensinou que sou mentirosa. Mentirosa por me enganar e querer enganar os outros. Ele, que me conhece a menos de uma semana, já sabe que eu estou enganando meus sentimentos, que eu já sei a verdade e que não quero aceitá-la. Que ele sabe que é o cara que mais mexeu comigo em tão pouco tempo e que eu devia aceitar essa verdade. Que eu deveria aceitar me hospedar em sua casa, que deveria aceitar que ele vai superar qualquer outro cara e que só ele pode (e vai) me dar o que eu quero.
Publiquei esses e outros episódios em um post no Facebook. O resultado foram homens, no inbox e no whatsapp, duvidando do que eu havia dito.
“Nossa, isso realmente aconteceu? Você tem certeza que não está exagerando?”.
Claro, a louca e descontrolada sou eu.
Ao que tudo indica, os homens devem mandar em minha vida. Devem dizer o que eu devo fazer e sentir. Eu incomodo alguns homens por querer ser protagonista da minha própria história e por não querer inclui-los nela. A pergunta que fica é: eu me importo? Nenhum pouco. Esses homens continuam em minha vida? Me orgulho em responder que não.
Postado originalmente em Olhar de Medusa, dia 21 de Abril de 2016.

Que o karma sorria para você.

Nossa, há quanto tempo não escrevo aqui! Que saudadezinha desse local onde posso colocar meus sentimentos para fora sem medo de julgamentos.
Desde a última postagem, muita coisa aconteceu. E, dentre essas muitas mudanças, a pressão para crescer e ser adulta está mais forte do que nunca. Sim, existe pressão externa, mas me refiro à pressão interna, que é muito maior.
Estude mais! Passe em concurso! Se mude! Se sustente! Seja, finalmente, independente! Nao dependa mais de ninguém!
Quando criança, nós acreditamos que a melhor coisa é virar adulto. E como nós queremos isso! Só que ninguém conta como essa jornada é difícil.
Com a pressão e com a absurda vontade de ser independente, surge o medo da falha e a desmotivação quando ela acontece. Quedas existirão, muitos ‘não’ serão ouvidos, mas é preciso superar o cansaço que surge – e, acredite, ele surge para todos em diferentes níveis –, é preciso ter determinação. Como ouvi ontem em um episódio de Hajime no Ippose esforce até que esteja satisfeito com o resultado.
É preciso que tenhamos a capacidade de levantar a cada queda, nos esforçando ao dobro a cada uma delas. Desmotivação só irá fazer com que percamos um tempo precioso, que seria aproveitado no momento da nossa vitória.
O meu desejo é que tenhamos muita força para continuar e que, nesse processo, o karma sorria para nós. :)


Postado originalmente em Olhar de Medusa, dia 14 de Abril de 2016.

My sweet sweet little agony.

Composta de promessas não ditas, minha doce pequena agonia vive dentro de mim. E vive sem receios. Vive como se nada devesse. Vive na plena esperança de um dia deixar de ser.
Se agarrando em apenas uma promessa dita, minha doce pequena agonia se mantém. Apenas uma é capaz de fazer sonhar.
Aos olhos de todos, essa doce pequena agonia é ingênua por se deixar entregar. É boba, por se deixar levar. É utópica, por preferir acreditar que esse coração habitará uma realidade que, no fundo, não tem qualquer garantia de existir...
“… Mas isso eu posso te prometer.”
E isso parece bastar. Parece que isso sempre lhe bastará.
“Ils n’oublieront pas leurs promesses.”
Minha doce pequena agonia me promete uma felicidade imensa. Me promete um amor que há anos sonho viver. E eu não quero me livrar dela. Não quero porque minha vida anda sendo formada por esperanças. Anda se projetando nelas.
Minha doce pequena agonia se mantém enquanto eu te mantenho. E, ainda que não seja nada disso, você é a realidade mais bonita que eu já pude sonhar.
Minha doce doce pequena agonia é tão minha, que eu permito que seja nossa, porque nesse dia, quando ela passar a ser, deixará de existir e então saberei que estarei sendo tão feliz como my sweet sweet little agony sempre me prometeu.


Postado originalmente em Olhar de Medusa, dia 19 de Agosto de 2015.

Kairós.

KAIRÓS (s.m.);em grego antigo: o momento oportuno, perfeito ou crucial. o acerto fugaz entre tempo e espaço que cria uma atmosfera propícia para ação.
E assim me encontro: em um estado de inteiro kairós. Qualquer momento sendo O momento. Por que não, não é? Acredito que o universo conspire a nosso favor, mas somente quando estamos dispostos a fazer movimentos e quando de fato os fazemos. Afinal, por mais clichê que possa soar, não adianta ficar esperando resultados quando nada se faz para obtê-los.
Apesar de pensar assim, essa ideia não me acompanhou sempre. Não cogitava a hipótese do universo realmente conspirar a nosso favor, não acreditava na força do pensamento e não sei dizer o que mudou. Não li nenhum livro sobre o assunto, não vi nenhum filme ou documentário. Alguém importante já havia comentado comigo há alguns anos, mas, teimosa como sempre, não havia me convencido. Outra pessoa tornou a comentar esse ano, mas não me foi apresentado nenhum argumento novo ou, ao menos, nada que eu acreditasse ser forte o suficiente para me convencer. Nada como os primeiros argumentos antes expostos. Então, não sei dizer o que mudou. Ou talvez saiba.
Nada mais óbvio do que pensar que eu mudei — e eu mudei muito ao longo desses anos. De qualquer forma, dentre todas as mudanças de pensamento que eu tive, essa foi uma muito positiva. Eu sinto que cresci como pessoa e que permaneço crescendo.
Por mais bobo que possa parecer, acreditar que meu pensamento é um grande aliado das minhas ações mudou minha visão. Acrescentou muita coisa. E eu me sinto uma pessoa mais leve agora. Com um coração mais leve, com menos negatividade, porque, nossa, como eu possuía pensamentos pessimistas...
E agora me encontro assim: positivamente leve e disposta, querendo encarar e abraçar o mundo.
Quisera eu, anos atrás, ser um pouco menos teimosa, um pouco mais aberta a ideias divergentes das minhas. Se assim o fosse, tanta coisa teria mudado mais rápido… Porque me foram apresentadas todas as ideias que hoje carrego. Me foram exaustivamente explicadas e incentivadas, mas eu não me importei. Eu fechei os olhos por muito tempo, presa na minha vã ignorância.
Anyway, o importante é que aqui estou, inserida nesse kairós que eu mesma criei e que não planejo abandonar tão cedo.


Postado originalmente em Olhar de Medusa, dia 28 de Julho de 2015.

Kekau.

Abrupto, o medo surge ante a calmaria que havia se instalado. Tal medo, antes apenas conhecido por leituras e relatos alheios, foi hoje provado e que gosto amargo deixaste!
A sensação de desespero que pareceu uma eternidade abre margem para a confusão da mente, para a inquietude e vergonha da alma. Ah, e que vergonha paradoxal! Como é concebível a existência de tal sentimento advindo de algo que não provocastes? Que não quisestes? Ah, como era fácil aconselhar! Como era fácil dar soluções aos abismos alheios...
A sensação de pertencimento ao abismo é o sentimento que ora fez morada, mas chamam-me de Efêmera. Se sou efêmera. Se sei ser temporária, hei de fazer tão sensação também sê-lo. Se nenhuma escuridão dura para sempre, a minha também não há de durar.
O medo do julgamento também nasceu e, com ele, o medo da falta de amparo. Mas quão fortificante e reconfortante é querer correr para certos braços - dentre tantos existentes -, encontrar coragem para fazê-lo e (re)descobrir ali a certeza de um abrigo, apesar de.
Kekau, em indonésio, significa acordar de um pesadelo.
O primeiro passo foi dado.



Postado originalmente em Olhar de Medusa, dia 22 de Julho de 2015.

Follow the Madness.

“Talvez nada aqui faça sentido e a confusão seja maior que o perigo”.
Nunca uma frase se encaixou tão bem em alguém. Meu coração é casa de sentimentos confusos. Porque, sim, a confusão fez morada e não parece ser temporário.
A razão não me abandonou. Eu nunca fui uma pessoa muito racional, então é errôneo dizê-lo. Não se abandona o que nunca se teve. Sempre preferi a intensidade, o pulo sem medo, o sentimento sem consequências, o se entregar. Afinal, acredito ser preferível o viver intenso ao medo da queda. E a razão não anda bem com essa ideia, o que resta por torna-la um freio que eu não tenho.
Exatamente por isso não é fácil me conhecer, me conquistar, me ter, me ganhar. Embora eu respire amor, a confusão é maior do que o perigo de se apaixonar. É que nem todo pulo vale a pena. Mas como é lindo quando vale! E eu pulo quando acredito. Ainda que sozinha, eu pulo. Ainda que com medo, eu pulo. “It’s a shot in the dark, but I’ll make it”.
Talvez, quem sabe, tudo aqui faça sentido. Talvez a confusão não seja, afinal, maior que o perigo. Talvez eu me perca em você. Talvez você encontre um jeito de se perder em mim. Talvez a sorte sorria para nós dois. E quem sou eu para não ser a favor? Nós criamos o nosso paraíso.


Postado originalmente em Olhar de Medusa, dia 3 de Junho de 2015.